Clara luz da noite

Pensamento aos pedaços

"Foi o tempo que dedicaste a tua rosa que fez tua rosa tão importante".
Le Petit Prince

Por mais que os anos passem, a distância esfrie, as conversas cessem e as cumplicidades pareçam deixar de existir, em algum lugar elas permanecem. Sempre. É como o amor. Mas este não se dá, ganha ou perde. Simplesmente se vive. Quando se tem sorte.
Mas não escolhemos, não guardamos por querer, nem sequer sabemos que existem tais sentimentos. Mas eles de vez em quando nos dão o ar da graça e fazem cair por terra todos os nossos princípios e atitudes que reconhecemos como dignas e verdadeiras, ou moralmente corretas, mal sabendo nós, que verdadeiros são os sentimentos inerentes às nossas almas, não aos princípios e dogmas que nos são incutidos e enfiados "guela a baixo" por valores ditos morais e soberanos.
Tentamos esquecer que somos humanos e que errar faz parte de nós. Mas não errar sob os olhos julgadores de outrém, errar sob nossos próprios olhares, nosso julgamento e nossa liberdade. Não nos deixamos levar pelo momento/sentimento que florece de repente sem dar aviso ou preparar, e tal fato totalmente imprevisto, nos mete medos e receios que como humanos não aprendemos a lidar. Não tenho conclusão sobre isso. Quando acontece sinto vontade de transcender, de sair de mim sem ressentimentos, sem culpas ou obrigação, apenas para existir. São momentos tão raros, poucos da nossa espécie (e os únicos que poderiam) sabem do que estou falando ou sequer experimentarão todas essas sensações. Porém mesmo tendo passado por esses momentos, nunca sei como agir... "você não sai da minha cabeça, minha mente voa"... É simplesmente o fluir, o deixar de ser, flutuar com os pés no chão, não pensar e sorrir...... começa pelas mãos, sobe pelos braços até chegar ao peito como se os pulmões não suportassem todo o ar que é necessário nessa hora. E o pulmão cheio entope a garganta, mas o peito arritmado pulsa e inspira e transpira e pulsa e transborda, e ofegante nos leva à exaustão mesmo parados. E pulso ainda pulsa... e como! acelerado, intrépido, urgente como se o mundo fosse acabar em segundos... e é só isso que conseguimos sentir, transportar e nos perder em pequenos devaneios de luxúria pela vida, de pressa, de transcendência e de exaustão.

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