Clarice Lispector merece ser duplamente
lembrada no começo de dezembro. Apenas um dia antes de sua data de nascimento,
10/12, completam 35 anos desde que a escritora ucraniana naturalizada
brasileira morreu.
Clarice transbordava emoção, perdi a conta de quantas vezes li Água
Viva, para mim um dos melhores livros da história. Sempre acho que posso
escrever quando o releio.
Por conta da data homenagens estão rolando
por aí. Na Hora de Clarice,
página oficial da editora Rocco,
tem a programação dos eventos comemorativos rolando nas capitais do país.
Até o Bookforum, revista americana de
literatura, lançou uma edição especial para homenagear Clarice.
“Sou o que se chama de pessoa
impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e
eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O
resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição
dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se
tratava de intuição, mas de simples infantilidade.
Trata-se de saber se devo
prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei
continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo
lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me
adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que
tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o
resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda.
Ou nunca serei."
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