Texto encontrado na net, sem autoria.
Estudiosos do mundo
inteiro se reuniram e começaram a tentar descobrir alguns porquês. Dias e noites,
eles batalharam para descobrir a causa da nossa sociedade estar sempre pisando
em ovos, sempre com uma cautela ímpar para não ofender ninguém com um passo
errado, passando por tempestades em copos de água jamais vistas nos sete mares.
Então, descobriu-se o cerne da questão. O merthiolate parou de arder.
Em uma sociedade na qual o merthiolate ardia tudo fazia sentido. O ardor
deste remédio para sarar feridas mostrava às crianças o que, realmente, era
dor. Não existiam essas frescurinhas de reclamar de tudo. Existia algo para
nivelar tudo, existia o pavor de ter aquele líquido vermelho passado no joelho
ralado. A boa e velha tensão e a cara falsa da mãe dizendo que não ia arder.
Era a maior das mentiras. Bem, com isso, em nosso subconsciente ficava sempre
aquilo como marco referencial, se algo acontecesse, nossa mente,
involuntariamente, comparava os sentimentos do que estava acontecendo com a dor
do remédio, e verificava se valia a pena à queixa. Por isso as reclamações eram
menores, as pessoas se ofendiam menos e não chorávamos por qualquer coisa. Como
havia um problema central, maior e relevante, não se desperdiçava preocupação
com coisas desimportantes. Era preciso ter cuidado para evitar acontecimentos
que teriam como consequência o merthiolate. Uma geração foi criada sob este
pilar da valorização de acontecimentos dignos e não a banalização de tudo, de
dar relevância a qualquer cisco que caísse em nossos olhos.
Eis que o destino, este que gosta de dificultar as coisas, quis que
aparecesse um bem intencionado, com a seguinte ideia: Fazer o merthiolate parar
de arder. Eu espero, sinceramente, que o filho de 15 anos dele chore no fim de
Glee e esperneie todas as vezes que o Justin Bieber cancelar um show no Brasil.
Perdeu-se um norte. Sem isso, as pessoas que foram criadas sendo saradas pela
nova composição do remédio, não sabem do que, nem como reclamar. Percebeu-se um
anseio de buscar algo para tal função, e, por vários erros de comunicação, ou a
não existência da mesma, cada um escolheu o seu motivo e desembestou a
reclamar, a sentir-se ofendido, a sentir-se péssimo, a odiar alguém, a odiar
tudo. Como bem disse, e eu – Quem sou eu, né?!- assino embaixo, Clint Eastwood:
“Vivemos em uma geração meio mariquinha”. E não estamos falando de opção
sexual. A análise se baseia sobre o grau de importância que as pessoas dão às
coisas pequenas, fazem de uma dor de barriga, uma úlcera irreversível.
Utilizam-se de singelos comentários, inocentes ou não, como provas cabais de
ofensas inaceitáveis com a mesma gravidade de ter a mãe chamada de feia.
Ofende. Mas, vestir toda e qualquer carapuça, não é saudável, é infantil, coisa
de quem não tem com o que se preocupar, não tem ninguém pra comer e se
beneficiou com o fato do merthiolate não arder.
Resta-nos esperar, ou lutar contra tudo isso, contra não poder olhar
feio pra ninguém, sem algum ataque de nervos acusando de todos os preconceitos
possíveis. Contra quem não bebe cerveja porque é amargo. E quem usa merthiolate
que não arde. Ou apenas viver a nossa vida, e torcer pra ninguém pôr o calo
debaixo do nosso pé. Como diziam nos áureos tempos que sarar feridas ardia
feito fogo: “Engole o choro”.
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