Clara luz da noite

Pensamento aos pedaços


Hoje vim falar sobre um sentimento feio, complicador e ultrajante: o medo.
Desde pequena tinha medo de tudo. Medo de gente, medo de bicho (incluindo nesse grupo cachorrinhos fofinhos e dóceis), medo de me machucar, medo da morte, medo de espíritos, de perder meus pais, medo de ser fraca, de subir em árvore, medo de ser incapaz e por aí vai. Acho que eu devia ter medo de tudo. Sempre tinha pesadelos que me causavam muito medo e sem que percebesse me vinham pensamentos ruins que me deixavam com medo de fazer qualquer coisa que estivesse fazendo.
Nunca descobri as causas dessas minhas "travas" e procurei não dar atenção à elas durante minha vida adulta, quando saí de casa e tive que me virar sozinha como toda pessoa normal. Mas não que a sensação tivesse me abandonado, me lembro de cada estada em parques de diversões, como muitas vezes superei o medo até passar mal de pensar que fosse morrer e ser abandonada pelos amigos que queriam se divertir... muito infortúnio.
Mas consegui levar bem esses arroubos de medo durante os anos até ficar super empolgada em adquirir patins para tentar voltar a andar com eles... doce ilusão!!! Na primeira tentativa travei de tal forma que parecia como que anestesiada. Um medo, ou melhor, um pavor se apossou de mim e fiquei totalmente sem reação. Não consegui nem calçá-los. E o corpo? Fiquei tão tensa que não consegui andar, digo caminhar para ir embora, sem contar a tristeza angustiante que toma conta da mente e que veta qualquer raciocínio lógico. E tinha como não poderia deixar de ser tinha um fator agravante "pra ajudar", que quando me perguntou se estava incapaz de andar, percebi que retesava tanto os dedos dos pés que realmente me doía bastante para andar.
Bom, como sou muito teimosa como todo bom besouro, pensei: "isso não vai durar pra sempre" e hoje fui tentar novamente. Quanta frustração ao chegar lá e ser tomada novamente pelo mesmo medo atemorizante que me deixou com as mãos suadas, algo super inédito em quem tem que passar cremes e mais cremes para não deixá-las ressecadas, os dedos doendo de tanto apertá-los sem contar os dedos dos pés... qualquer sapato dois números menor que o meu me calçariam facilmente naquele momento, sem contar a dor e a dificuldade de andar por não conseguir relaxá-los. Horrível, sensação pavorosa, tô me sentindo péssima e não consigo falar sobre isso, e tenho meus motivos, pois quem me acompanhava só me avacalhava, fazendo eu me sentir pior ainda, como se isso fosse possível. Tá difícil superar essa, ou talvez seja a companhia errada... não sei. Me sinto incapaz diante desse medo angustiante tão presente dentro de mim que acaba me consumindo e por fim me faz desistir de tentar coisas que quero muito pelo simples medo de que não dê certo. Me sinto sem saída por não saber como agir e não acredito que alguém possa ajudar efetivamente.
Por enquanto essas são minhas (des)venturas no mundo flutuante da patinação e vou aguardando o próximo rompante de coragem, agora já com a angústia de chegar lá e ter outra crise de medo.

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